quinta-feira, 17 de setembro de 2009

As Bajudas da Guiné Portuguesa:

Agora que me reformei, tenho andado a vasculhar as recordações. E não é que encontrei estas fotos antigas de que já nem me lembrava. Fiz a minha comissão de serviço no Comando Territorial Independente da Guiné, de 1964-1966, hoje um país independente chamado Guiné-Bissau. Fiz parte do Batalhão de Artilharia 645 estacionado em Mansoa e era 'amanuense' na secretaria do comando. Era Comandante do Batalhão o Tenente-Coronel António Brancamp Sobral, mais conhecido pelo 'cavalo branco' devido à sua corpulência, altura e cabelos brancos. A alcunha não era nossa mas dos próprios 'turras' que o temiam e admiravam. E nós éramos conhecidos pelos 'Águias Negras' porque no nosso brasão havia uma águia negra tricéfala. Na altura estas fotos eram proíbidas, porque atentavam à moral, mas eram fácilmente adquiridas. Bajuda, na Guiné significa rapariga.
Aqui temos uma bajuda Mandinga, de Farim. Na Guiné Portuguesa os Mandingas encontravam-se localizados, ao Norte, junto da fronteira da África Ocidental Francesa e, a leste, na região dos Fulas pretos. Uma das características curiosas dos Mandingas é o regime de castas nas quais observam uma rigorosa endogamia. O Mandinga é polígamo. Pratica a circuncisão a qual é realizada com ritual complexo (fanado). Os funerais são sempre acompanhados de grandes cantilenas (choros):
E aqui uma bajuda balanta, de Mansoa. População da Guiné, localizada sobretudo entre os rios Geba e Cachéu. Dedicam-se sobretudo à cultura do arroz e à pesca. Entre os Balantas existe a propriedade individual e hereditária. O primogénito masculino é o herdeiro do chefe da família. Havendo apenas filhas, herdam os irmãos deste. Os Balantas praticam a circuncisão havendo para os dois sexos longas e rigorosas cerimónias de iniciação. Há poligamia mas uma das mulheres tem privilégios sobre as restantes. O adultério é frequente, não implicando graves represálias. Sacrificam animais em templos que são pequenas palhotas circulares em honra de uma divindade, o 'Iran'. São supersticiosos em extremo. Também se diz 'balandras':
Uma bajuda fula, de Buba. A raça Fula, é a menos negroide das raças africanas, consideram-se, eles próprios superiores aos outros. Os Fulas da Guiné que se subdividem em Fulas-Forros, Futas-Fulas e Fulas-Pretos. A raça Fula são os mais numerosos e seguir aos Balantasseguindo-se os Manjacos, Mandingas, Papéis, etc.:
Bajuda manjaca da ilha de Pecixe. Praticam a circuncisão e como se pode ver pelo seu corpo parcialmente retalhado e cujas feridas eram tratadas com cinza para realçar as cicatrizes. Os seus corpos são autênticas obras de arte rendilhadas. Bons marinheiros, os Manjacos que habitam as ilhas de Pecixe e Jata dedicam-se especialmente à pesca; os do continente à agricultura e criação de gado e a morte é sempre acompanhada de ritos funerários (choros):
Bajuda fula, de Fulacunda:
Bajuda balanta no arrozal em Mansoa:
Campune Bijagó, de Bubaque. Grupo étnico que habita o arquipélago dos Bijagós, pouco trabalhadores, embriagam-se frequentemente com vinho de palma. Noutros tempos entregavam-se à pirataria. Entre os Bijagós, existe um costume que merece especial referência: são as mulheres que escolhem os maridos depois de terem instalada a sua palhota e adquirido os bens indispensáveis à constituição da família. As mulheres podem ter os poderes dos régulos:
Uma vaqueira manjaca, de Pecixe:
Outras vaqueiras manjacas de Pecixe:
Pescadora papel do Biombo. Indígenas da raça negra da ilha de Bissau. Noutros tempos havia a escravidão. Criam gado e nas suas cerimónias e rituais religiosos sacrificam animais domésticos como cães, cuja carne é apreciada para alimentação. Existem casas distintas para cada sexo. Na pacificação da Guiné foram os Papéis, aqules que mais insistentemente e agressivamente impediram a nossa penetração na ilha:


NOTA - Estes apontamentos e estas fotos têm mais de 45 anos, por isso, podem estar desactualizados. As fotos são da Casa Mendes, de Bissau e na altura 10 fotos custavam 30 escudos.

1 comentário:

  1. Tenho uma coleção igual à tua tambem estive em
    Mansoa na mesma ocasião,lembro-me do fur.Leong ,
    de Macau . Por falar nisso ,vais ao encontro 31,
    agora no fimdo mês. Eu era da CART.564 e chamo-me
    Leopoldo Correia , o nosso 1º sarg.era o Gomes
    Júnior. Aparece se puderes em Montemor.

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